Em 1972, quando somava 30 anos de vida e 10 de carreira, Milton Nascimento lançou o álbum “Clube da Esquina” -marco zero do mais relevante movimento da música de Minas Gerais e um dos mais importantes do Brasil.
O cantor chega hoje a São Paulo com a turnê “50 Anos de Voz nas Estradas”, que já passou por Belo Horizonte e Brasília e, em seguida, parte para Salvador, Três Pontas (MG), Porto Alegre e Rio.
Os shows estão sendo registrados e, com lançamento em CD e DVD previsto para o fim do ano, vão se tornar o principal produto comemorativo das quatro décadas do “Clube”, dos 70 anos de Milton (celebrados no dia 26/10) e dos 50 de sua carreira.
“Mais do que essa coisa de aniversário, o que gosto de comemorar mesmo são os 45 anos de ‘Travessia’, que foi onde tudo começou de verdade”, acrescenta o cantor.
Também está previsto para este semestre um musical inspirado na obra do compositor. Concebido e dirigido pelos cariocas Charles Möeller e Claudio Botelho, “Milton Nascimento – Nada Será Como Antes” estreia na semana que vem (leia ao lado).
“O Botelho foi lá em casa e me perguntou se eu queria participar ou preferia surpresa. Adivinha o que eu falei? Não faço ideia do que será”, conta Milton.
“Mas sou muito fã deles. Já tinha gostado demais de ‘A Noviça Rebelde’ e da ‘Ópera do Malandro’. Quando chegou o dos Beatles [‘Beatles num Céu de Diamantes’], caí duro. Vi oito vezes.”
Por: Marcus Preto
Musical foca na obra, não na vida do cantor
Por: Marco Aurélio Canônico
Quando decidiram criar um musical em homenagem a Milton Nascimento -uma ideia que surgiu há seis anos e que começou a ganhar forma em 2011-, Charles Möeller e Claudio Botelho tinham uma ideia básica, de saída: não contar a vida do cantor.
“O mais importante para nós era a obra, tentar olhar as canções do Milton de um ponto de vista teatral”, diz Botelho. Assim, “Milton Nascimento – Nada Será como Antes”, que estreia na próxima quinta (9), no Rio, é um musical em que o texto vem exclusivamente das canções.
Para que a produção tivesse cara de teatro e não de show, a dupla criou uma história que gira em torno de um grupo de pessoas reunidas numa típica casa do interior mineiro.
“Imaginamos uma casa de criação, um clube da esquina, onde um grupo de pessoas vai juntando instrumentos e interpretações para salvar a casa do abandono”, diz Möeller.
Entre atores e músicos, são 14 pessoas em cena, quase todos veteranos de trabalhos com a dupla, como os jovens irmãos Estrela Blanco e Pedro Sol (netos de Billy Blanco) e Claudio Lins (filho de Ivan).
“Não queríamos marcas circenses nem coreografias, mas um olhar que significasse muita coisa. O Milton tem uma singeleza que, se o ator não tiver dentro de si, não vai conquistar”, diz Möeller.
A produção, definida pela dupla como “caseira e simples”, contrasta com o gigantismo de montagens como “O Mágico de Oz” e marca a estreia da parceria com a GEO Eventos. Chega a São Paulo só em maio de 2013.
Milton assistiu ao ensaio na terça. “Tive que disfarçar o choro”, disse.
Fonte: Folha de São Paulo – 03/08/12.