QUEM: Carol Castro, Totia Meireles, Leticia Birkheuer: estrelas de ‘Nine’ mostram bastidores

Estreante em musicais, Carol Castro comenta papel dramático de esposa traída: "me emociono toda vez"

Estreante em musicais, Carol Castro comenta papel dramático de esposa traída: “me emociono toda vez”

 Quando a atriz global Carol Castro foi anunciada uma das estrelas do espetáculo Nine – Um Musical Felliniano, muita expectativa foi gerada. Afinal, em 2013 ela sagrou-se campeã da Dança dos Famosos, do Domingão do Faustão, e esperava-se vê-la em um grande número de canto e dança. Mas, pelo contrário, Carol tem uma participação de enorme carga dramática no papel de Luisa Contini, esposa de Guido Contini (Nicola Lama), cineasta italiano inspirado em Federico Fellini na versão brasileira do premiado musical da Broadway, aqui dirigida pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho. “Choro em quase todas as apresentações, mas tento me segurar, pois o choro atrapalha o cantar. Minha música é muito triste e sempre me emociono, não tem jeito”, conta Carol, que abre seu camarim com exclusividade para a QUEM, no Teatro Porto Seguro, em São Paulo, assim como as colegas Leticia BirkheuerTotia Meireles, Malu Rodrigues e Beatriz Segall.

 Longe das novelas desde Amor à Vida(2013), com breve participação em Malhação este ano, Carol dedicava-se ao cinema quando o Nine surgiu em sua vida. “Estava no processo de filmagem do longa O Herdeiro, do Roberto Santucci, quando soube do teste. Já estava fazendo aula de canto, pois a Dança dos Famosos me deu confiança para seguir um sonho antigo de aprender a cantar. Quando passei no teste, a maratona da minha vida começou: rodei o longa e ensaiei para o musical ao mesmo tempo. Foi uma loucura, mas deu certo! Agora que estreamos, vejo que é um passinho de cada vez, estou aprendendo mais e mais, como em tudo na vida”, constata ela. “O teatro já é mágico, mas o musical vai além”, conclui.

A performance de Carol vem rendendo elogios entre todo o elenco. “O clima nos bastidores é muito gostoso e tem que ser. O teatro é assim, atuar é um jogo e você não joga nada sozinha. Estar junto com essa trupe de profissionais é muito bom, pois tenho a oportunidade de aprender e tenho total consciência de que tenho muito o que aprender”, afirma Carol, que surge muito focada e concentrada nos momentos de preparação de maquiagem e cabelo antes de se apresentar. Ao seu lado, o celular reproduz músicas, um set list inspirador. “Amo música, estou sempre ouvindo alguma coisa”, revela. “Depois da maquiagem, aqueço a voz, testo o microfone e gosto de rezar, agradecer pela oportunidade de fazer mais um dia de espetáculo. Peço luz, proteção e amor”. E ali surge Luisa Contini.

AS EXPERIENTES

Totia Meireles e Malu Rodrigues (Foto: Guilherme Zauith)

Sem nunca terem trabalhado juntas e sendo dois nomes importantes na história dos musicais brasileiros, Totia Meireles e Malu Rodrigues dividem a mesma bancada no camarim e parecem mais amigas de infância do que colegas de palco. “A Totia é a pessoa mais incrível que eu já conheci na minha vida. Ela está sempre para cima e brilha em qualquer lugar”, elogia Malu, em seu nono musical da dupla Moeller & Botello. “Eu sou a mais velha aqui e todas podiam ser minhas filhas!”, brinca Totia, enchendo a sala com sua marcante e contagiante risada. 

Com apenas 21 anos e muita história para contar, Malu encara o papel mais desafiador de sua carreira. Ela vive Carla, amante de Guido Contini, papel que foi dePenélope Cruz no filme Nine, de 2009. Ela surge de maiô, decote e muito sensual. “Tudo é diferente. Sempre faço papel mais menininha com voz de princesa da Disney e estou explorando uma área nova do canto, que exige mais” conta ela, tímida na vida privada, mas sem pudores no palco. “Para se ter uma ideia, minha música começa com a frase ‘quem está sem calcinha’… É um grande desafio porque não sou sensual, sou uma menina. Não consigo me ver assim, mas tento buscar ser. O trabalho do ator é observar”, define. Malu tem cenas quentes com Nicola Lama, com quem já trabalhou três vezes e foi par romântico em uma deles. “É alguém que eu confio muito e confia em mim”, diz.

Malu ganhou ainda mais visibilidade quando entrou para o elenco de Tapas & Beijoscomo Bia. “O programa cresceu muito e meu papel também. Muita gente me vê na hora e fica na dúvida se a menina de Tapas & Beijos!”, conta, feliz com a experiência na Globo. “A TV e o teatro deveriam trabalhar juntos. Um precisa do outro. Gosto do teatro porque ali que não tem mentira, você dá a cara a tapa, se não está bem um dia e desafinada, não tem como colocar alguém te dublando”.

Já Totia vive a produtora de cinema Lilli la Fleur, ex-vedete do Folies Bergère, que nos transporta para um cabaré francês nos anos 1900. “É uma mulher muito forte, já interpretada por Chita Rivera e Liliane Montevecchi. Então, não dá pra deixar a peteca cair. Me inspirei muito nelas, vi vídeos, mas construí minha própria personagem”, fala ela, premiada pelo musical Gypsy e com muitos outros espetáculos na bagagem. “Sempre tem um desafio em um novo papel. Neste, é ficar de maiô em cena!”, conta. Totia também é a única que interage com a plateia e arranca mais risadas. “Neste momento, eu assisto de canto e vejo as pessoas completamente capturadas pela presença dela. Totia é maravilhosa, incrível!”, elogia Nicola Lama.

Assim que acabou as gravações de Alto Astral, no qual viveu a médica Adriana na trama, Totia já entrou de cabeça no Nine. “Eu adoro a vida agitada. O que me move é a paixão, então até esqueço que é trabalho. Não tenho problema em emendar uma coisa na outra, assim como não tenho problema nenhum em ficar sem fazer nada!”, brinca ela, que já adaptou a nova rotina na ponte aérea Rio-SP ao casamento com o médico Jayme Rabacov. “De segunda, terça e quarta fico com ele no Rio e ele vem para SP de 15 em 15 dias. A gente janta juntos, passeia bastante.. São Paulo tem muitas opções, a gente nem dá conta”, diz, sem planos de voltar à TV ainda confirmados.

“CANTO É TÉCNICA”

Leticia Birkheuer (Foto: Guilherme Zauith)

Inspirada pela poderosa Miranda Priestly (Meryl Streep) do filme O Diabo Veste Prada, de 2006, Leticia Birkheuer estreia nos musicais como uma editora da Vogueitaliana. “Ela se acha superior aos outros e eu quis dar esse ar prepotente, levantando o queixo, com olhar para cima”, conta ela, que sente-se cada vez mais segura cantando no palco. “Aprendi que canto é técnica. Qualquer pessoa com timbre bonito pode cantar se aprender a técnica.  Tenho certeza que daqui 5 anos, se continuar trabalhando com musicais, vou estar bem melhor que hoje. Não estou preocupada em ser a melhor cantora do mundo e, para quem começou a ter aulas em novembro, acho que estou muito bem. Estou feliz com o resultado!”, comemora a atriz, que começou a carreira como modelo internacional.

Leticia é pura concentração antes de se apresentar. “Confesso que fiquei bastante nervosa na estreia. Sempre acho que não estou nervosa, mas quando estou no palco sinto uma treminidinha na perna, formigamento no estômago, uma adrenalina… Tenho uma técnica para relaxar. Eu desço todo meu corpo até o chão e subo bem devagar 3 vezes. Isso me dá segurança”, ensina ela, radiante com a volta ao teatro. “É aqui que a gente aprende mesmo. Teatro é repetição, então é muito importante para o ator ter essa experiência. Eu acho que melhorei muito desde que comecei a trabalhar como atriz 10 anos atrás pois fiz teatro, em 2013. No teatro a gente aprende a improvisar e a ficar confortável com o próprio corpo”, conta ela, que deve voltar à TV em breve, mas mantém o mistério. “Não posso contar nada, só que gosto de fazer novela, é muito divertido!”.

A DAMA DO TEATRO

Beatriz Segall (Foto: Guilherme Zauith)

Intérprete da maior vilã da TV brasileira, Odete Roitman de Vale TudoBeatriz Segall, de 88 anos, sobe ao palco como uma verdadeira dama do teatro no papel da mãe de Guido. “Está sendo um trabalho muito agradável de fazer. É bem dirigido, com figurino e cenário de qualidade. Essa qualidade também entra no elenco. São moças extremamente bem preparadas, bonitas, temos um galã Nicola Lama que comanda o espetáculo lindamente”, elogia a veterana, que ganha todos os olhares cada vez que entra em cena.

Beatriz não tem um número musical solo, mas acompanha as atrizes em uma das cenas de canto. “Já fiz um musical premiado, chamava-se Frank V, era muito bom mesmo. Além disso, cantei outras vezes no teatro, mas nunca aproveitei muito a minha voz”, pontua.

Após recente participação na série global Os Experientes, a estrela diz que não acompanha novelas e que prefere ler, escutar músicas e ir a concertos. “Já dei muita aula de teatro, agora parei porque não aguento e não quero fazer duas coisas ao mesmo tempo. Mas é sempre um prazer passar conhecimento. Se você tem algo para ensinar, é obrigação ensinar ao outro”, conta ela, que já sabe o que fará quando acabar o musical: “ficarei em casa, lendo, e brincando com meus netos”.

O espetáculo conta ainda com Myra Ruiz, muito elogiada como a prostituta Saraghina, Vanessa Costa, no papel de Claudia, musa de Guido Contini, que a princípio seria interpretada por Mayana Moura (ela deixou o elenco pouco antes da estreia), Camila Marotti, Laís Lenci, Priscila Esteves, Lola Fanucchi Renata Vilela. Na próxima semana, Karen Junqueira entra no elenco como Claudia.

Fonte: Revista QUEM – 19/06/2015. Matéria por ANA CAROLINA MOURA. Fotos: GUILHERME ZAUITH.