O Globo: Escrita por Möeller e Botelho, ‘Acredita na peruca’ reedita na TV parceria firmada no teatro

Luiz Fernando Guimarães estrela série com dupla famosa por musicais, que estreia na telinha

Luiz Fernando Guimarães estrela série com dupla famosa por musicais, que estreia na telinha

 O palco do Teatro Adolpho Bloch, na Glória, está tomado por um cenário colorido de um salão de cabeleireiro que, nas horas vagas, funciona também como um night club. Este é o universo de Eleonora, uma ex-dama de sociedade, falida, que já morou no Edifício Chopin e hoje tem de trabalhar para sobreviver. Com suas últimas economias, ela investiu no salão em Copacabana. Eleonora usa turbantes, saltos baixos, e é vivida por um divertido Luiz Fernando Guimarães que não falseia a voz em “Acredita na peruca”, humorístico que o canal Multishow vai levar ao ar a partir de 18 de maio, às 22h30m, de segunda à sexta. O texto e a direção são da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, que deixa a confortável zona do teatro musicado para se aventurar no humor escrachado do seriado de 20 capítulos com 45 minutos de duração cada um.

O formato lembra o de outros sitcoms como “Vai que cola”, título de sucesso do mesmo canal, capitaneado por Paulo Gustavo, estrela do Multishow hoje. “Acredita na peruca” é gravado ao vivo, com plateia que se escangalha de rir com a ex-socialite obrigada a conviver com umas figuras estranhas em seu salão para sobreviver. Mas as semelhanças terminam por aí.

Eleonora vendeu seu apartamento no edifício Chopin e agora tem que conviver com uma gente que ela acha de quinta. Ela vai na contramão do politicamente correto — conta Luiz Fernando, que a cada capítulo empresta corpo também a um outro personagem da trama da vez.

DRAG-QUEEN E GO-GO BOY

No salão, a grande dama falida vive às voltas com a sócia Coral (Gottsha), uma cantora frustrada e noiva do ex-marido de Eleonora, o pai de Silvia (Claudia Missura), filha-problema da ex-madame. Também tem lugar neste cenário a filha da sócia, Maria Eduarda (Fernanda Nobre), Stephany, uma segunda parceira, ex-atriz pornô que roubou o marido de Silvia (Miá Mello); o ex-mordomo Sebastian e braço direito nos negócios (Eucir de Souza) e os funcionários Lucy in the Sky, uma drag-queen cabeleireira (Beto Carramanhos) e Carlão (João Gabriel Vasconcelos), responsável pelas obras do estabelecimento e go-go boy na boate vizinha.

A parceria de Luiz Fernando com os diretores Möeller e Botelho não se inicia agora. O ator estrelou no teatro “Como vencer na vida sem fazer força”, em 2013, espetáculo adaptado pela dupla. A partir daí, pediu aos dois que escrevessem um monólogo para ele. Nascia assim a história de Eleonora passada no salão.

Distante da TV Globo há cerca de ano e meio, o comediante namorava, há algum tempo, a ideia de emplacar um programa no Multishow. Recebeu um telefonema da equipe do canal para uma conversa na mesma época em que o texto do monólogo ficou pronto.

— A minha ideia inicial era levar o “Como vencer na vida” para a TV. Eu achava que transferir o universo de mundo corporativo dava pé. Mas quando cheguei lá, eu só falava do texto que o Charles e o Claudio tinham escrito para o teatro. Eu estava mesmo muito empolgado. Quando o pessoal do Multishow ouviu, arregalou os olhos — conta o ator, que se submete, a cada gravação, a uma transformação que dura por volta de 30 minutos.

É o primeiro texto de Möeller e Botelho para a TV. Mas Möeller diz que escrever o seriado é, em alguns aspectos, como criar uma peça de teatro.

É um desafio, porque é outro veículo. Por outro lado, são histórias com começo, meio e fim, como em uma peça. Acho que fazemos uma mistura — diz o diretor.

Fonte: O Globo – 03/04/2015.