Sem texto, espetáculo usa canções para narrar história de trupe teatral
Em 2014, Chico Buarque completa 70 anos. Para homenageá-lo em grande estilo, a dupla Charles Möeller & Claudio Botelho, responsável por bem-sucedidas versões de clássicos como “Ópera do Malandro”, “O Mágico de Oz”, “Um Violinista no Telhado” e “Hair”, estreia o espetáculo “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 minutos”, nesta quinta-feira, dia 9 de janeiro, no Teatro Clara Nunes. O musical terá foco apenas nas criações do compositor para teatro, cinema e televisão.
Saiba dias e horários do espetáculo
– É uma ciranda amorosa, lembra o “Quadrilha”, do Drummond, mas também temos uma forte inspiração em “Lulu e a Caixa de Pandora”, do Frank Wedekind. Não por acaso, todos do elenco jovem fizeram “O Despertar da Primavera” (2009), também de Wedekind, e agora voltamos à origem. É o teatro dentro do teatro, sempre contado pelas letras de Chico – destaca Charles Möeller.
Claudio Botelho: de volta ao palco (Foto: Leo Aversa)
“Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos” reúne temas compostos para as peças “Roda Viva” (1967), “Ópera do Malandro”(1978), “Calabar” (1973), “O Corsário do Rei” (1985), “Gota d’Água” (1975) e “O Grande Circo Místico”’ (1982). Tembém estão presentes canções que fizeram parte das trilhas de filmes como “Quando o Carnaval Chegar” (1972), “Para Viver um Grande Amor” (1983) e “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976).
– Algumas das canções são encenadas como se fossem peças únicas, com início, meio e fim. Na obra de Chico para o teatro há, naturalmente, muitos personagens definidos. Como estamos lidando com a obra teatral e não apenas canções aleatórias de Chico, é como escrever uma peça usando pedaços de peças já escritas sem, em nenhum momento, citar as obras originais – analisa Claudio Botelho, responsável pelo roteiro, e que volta a atuar depois de sete anos longe dos palcos.
– O papel seria do Sandro Christopher, que trabalhou conosco na “Ópera do Malandro”, mas houve um imprevisto a dois dias do início dos ensaios e ele não pode sair do elenco de outra peça. Achei que era um sinal. Como conheço o repertório desde os 13 anos, resolvi substituí-lo. Decidi de olhos fechados, sem pensar que tenho outras dez peças para dirigir em 2014, mas não estou arrependido. Ou seja, não havia um plano de voltar a atuar – conta Botelho.
“É o teatro dentro do teatro, sempre contado pelas letras de Chico”
Charles Möeller
Sem texto, o musical usa as canções para contar as histórias de uma trupe teatral, vivida por Botelho, Soraya Ravenle, Malu Rodrigues, Davi Guilhermme, Estrela Blanco, Felipe Tavolaro, Lilian Valeska e Renata Celidonio. Os atores/cantores vivem personagens definidos em uma história contada através das canções e também encenam outras peças nas praças por onde se apresentam. Segundo seus criadores, a montagem teve total aprovação do homenageado.
– Sempre conversamos com ele antes de cada espetáculo. Na época de “Ópera do Malandro”, almoçamos juntos e ele nos disse: “Façam o que vocês quiserem. Só vou assistir a um ensaio”. Foi a um bem perto da estreia e pediu uma ou duas alterações em uma letra dele mesmo. Depois, assistiu ao espetáculo. Foi muito generoso. – explica Botelho.
Fonte: Globo Teatro – 09/01/2014.
Fotos: Leo Aversa.