Diretor assina a versão brasileira de ‘Como Vencer na Vida sem Fazer Força’
Charles Möeller e Claudio Botelho estreiam seu 34º espetáculo, no palco do Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro. “Como Vencer na Vida sem Fazer Sucesso” é uma versão brasileira para o musical da Broadway, inspirado no livro homônimo de Shepherd Mead, lançado em 1962. A história faz uma sátira aos livros de autoajuda profissionais, que surgiram na época, e se tornaram manual para diversos executivos. Em entrevista ao Globo Teatro, Claudio Botelho – responsável pela adaptação e versão brasileira das músicas originais – explica os motivos que tornaram o espetáculo um grande sucesso e como foi mediar o encontro entre os protagonistas Luiz Fernando Guimarães e Gregório Duvivier.
De onde veio a ideia deste projeto?
Este é um grande clássico que foi lançado em 1971 e ganhou todos os prêmios possíveis, inclusive o Prêmio Pulitzer – uma coisa rara em musicais. Portanto, podemos considerá-lo uma obra-prima do teatro musical. Já era uma grande paixão minha que assisti à remontagem de 1995 na Broadway com o ator Matthew Broderick. Há pouco tempo comprei os direitos e fiquei muito ansioso para produzir. Acho superoportuno lançar agora. É uma peça que já foi realizada no Brasil, lá em 1964. Fora que é muito atual, parece que foi escrita ontem!
A que vocês atribuem o grande sucesso do texto?
É o primeiro musical politicamente incorreto da história da Broadway! É um musical no qual você torce pelo vilão. Ele é que tem charme. Ele desarma todo mundo que vê pela frente, usa de maracutaias para subir na vida, dá rasteira nos colegas, mente, rouba ideias dos outros. Ainda assim, a plateia inteira torce por ele! Ele é uma novidade. Foi a primeira vez que a Broadway trouxe um protagonista assim. Justo ela, sempre cheia de heróis e bons moços. Neste espetáculo, o bom moço é um vilão! Fora que a peça é muito atual e praticamente fala sobre nós, brasileiros, com o nosso “jeitinho”de chegar a algum lugar sem ter nenhum trabalho (risos).
Você acha que se trata de uma coisa recorrente no mundo corporativo? Pessoas que buscam o sucesso sem pensar em mais ninguém?
Com certeza isso existe muito. A peça se passa em Nova York, nos anos 60, mas o que você vê acontecer ali é comum a qualquer lugar. Existe dentro do teatro onde eu trabalho, dentro do prédio em que eu moro, nas brigas de síndico, em brigas de vizinho, em clubes… É sempre um puxando o tapete do outro, querendo subir na vida. O mundo da competição é universal. E no nosso contexto, aparece um esperto, um Macunaíma, que é o caso do Finch vivido pelo Gregório, que sai enrolando todo mundo.
Como se deu a escolha do elenco?
Charles e eu somos pessoas de algum sucesso, mas muita sorte. Se temos alguma qualidade é saber escolher bem o elenco. Estamos juntando um dos maiores comediantes e talvez um dos maiores atores do país com um jovem muito talentoso. O Luiz Fernando foi a primeira pessoa a ser escolhida. Ele é a força motriz em torno da qual a produção foi sendo montada. E o Gregório, nós convidamos quando o assistimos em “Uma Noite na Lua”. Charles e eu fomos assistir a essa peça porque estávamos curiosos e admiramos o trabalho do João Falcão. Ficamos malucos com o Gregório! Esperamos ele sair do teatro e perguntamos se ele gostaria de ser o nosso Finch. Fomos ver uma peça e saímos com o nosso protagonista! Tivemos muita sorte. Quem assiste à peça vai entender o por quê.
Como foi dirigir os dois em cena?
É uma química incrível entre os dois! Eles são dois furacões em cima dos palcos. Quando eles estão em cena, você não olha para mais ninguém. Essa peça precisa disso, muito mais do que cantores. É uma grande comédia, precisa ter uma presença enorme e gente que saiba improvisar. E os dois estão deitando e rolando! Nunca trabalhei em um musical que risse tanto durante os ensaios! (risos).
Fonte: Globo Teatro.