Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos estreia hoje no Rio com o propósito de celebrar no palco as peças teatrais criadas pelo artista, que completa 70 anos em junho de 2014
09/01/2014 - Ilustrada - Folha de S.Paulo
Fabio Brisolla
De forma discreta, Chico pretende assistir ao espetáculo, dirigido e produzido por Charles Möeller e Claudio Botelho, em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, na zona sul carioca.
Chico prefere que a plateia não saiba de sua presença, afirmam os diretores. Uma cabine no segundo pavimento, ao lado da mesa de iluminação, é o local cotado para abrigar o compositor.
De lá, deve conferir a história de uma fictícia trupe teatral que vai fazer as conexões entre canções dos quatro musicais criados por Chico (Roda Viva, de 1967, Calabar, de 1973, Gota D’Água, de 1975, e Ópera do Malandro, de 1978), além de outras feitas para outras montagens teatrais, para cinema e TV.
A rotina dos atores andarilhos é o eixo de ligação do repertório. A partir das lembranças do dono da companhia de teatro (interpretado pelo ator-diretor Claudio Botelho), as músicas são associadas aos personagens.
Segundo Möeller, Chico leu o roteiro, mas não pediu qualquer alteração. Autorizou tudo e o projeto foi executado em tempo recorde. Foram quatro meses para criar o roteiro, produzir cenários e figurinos e ensaiar o elenco.
Möeller e Botelho já assinaram outros três espetáculos baseados no repertório buarquiano: duas versões de Ópera do Malandro e Suburbano Coração. “O Chico não libera a obra dele para quase ninguém. Mas estabelecemos uma relação de confiança”, conta Möeller.
Na recente discussão sobre biografias não autorizadas, Chico saiu em defesa do direito de resguardar a privacidade do artista. Por enquanto, um musical sobre sua vida segue fora dos planos: “Há uma febre de musicais biográficos. Escolhemos ir por um outro viés”, diz Möeller.
Desta vez, segundo o diretor, os dois não chegaram a conversar. Chico designou seu empresário, Vinicius França, para acompanhar o processo. Não foi aos ensaios da peça nem ouviu os arranjos feitos para quase 50 músicas, que deram tom de licença poética aos 90 minutos citados no título. A peça tem duração de 117 minutos.
Botelho justifica a escolha de uma trupe teatral para conduzir a narrativa: “Esses artistas mambembes são citados em músicas do próprio Chico. Percebemos que seria o mote ideal para combinar todas essas canções”.
Além de Botelho, outros sete atores estão no elenco: Soraya Ravenle, Malu Rodrigues, Davi Guilhermme, Estrela Blanco, Felipe Tavolaro, Lilian Valeska e Renata Celidônio.
Comparada às adaptações da Broadway da dupla de produtores -algumas ao custo de R$ 6 milhões e com sessões para mil pessoas- o musical pode ser considerado uma produção de médio porte. Será um investimento de cerca de R$ 2 milhões, com sessões para 450 pessoas.
As versões de clássicos apresentados no musical, entre elas Mambembe, Ciranda da Bailarina e Geni e o Zepelim serão gravadas em estúdio e lançadas em CD pelo selo Biscoito Fino. Tudo com o aval de Chico Buarque.
SERVIÇO:
TODOS OS MUSICAIS DE CHICO BUARQUE EM 90 MINUTOS
QUANDO de qui. a sáb. às 21 e dom. às 20h; até 27/4
ONDE Teatro Clara Nunes (r. Marquês de São Vicente, 52; tel.: 0/xx/21/ 2274-9696)
QUANTO R$ 80 (qui.), R$ 90 (sex.), R$ 100 (sáb. e dom.)
CLASSIFICAÇÃO 14 anos.