“É necessário combater o retrocesso com arte”, diz Charles Möeller

Diretor fala da emoção de reviver a audição do Despertar da Primavera 10 anos depois

Equipe nas audições do Despertar da Primavera em 2019. Foto: Dan Coelho

“Parece um sonho, eu sei…
O corpo quer falar, é só ouvir…”

A audição de “O Despertar da Primavera”, próximo espetáculo da Möeller & Botelho, está chegando à sua etapa final. Durante uma semana inteira, a banca formada pelo diretor Charles Möeller, pelo maestro Marcelo Castro e demais membros ouviu dezenas de jovens que buscam uma vaga para o elenco do musical.

Assim como há exatos 10 anos, quando ocorreu a primeira montagem do ‘Despertar’, Charles Möeller viveu dias de muita emoção e ansiedade! À procura dos jovens atores que farão os papéis de Melchior, Wendla, Moritz, Ilse & companhia, Charles foi incansável. Conversou com os candidatos, fez marcas, dirigiu e acima de tudo esteve o tempo inteiro atento a cada um que passou pela sala da Cidade das Artes, onde foram realizadas as audições.

Essa procura me leva a lugares muito particulares porque o Despertar foi uma peça muito importante dentro da história da M&B. O musical lançou uma geração de atores e criou também uma geração na plateia, de jovens indo ao teatro, adoradores do Despertar. Tenho uma expectativa enorme de encontrar nesses atores jovens quem serão os novos ‘despertares’ que despertarão novas plateias“, disse o diretor ao site MB.

Charles ressalta que nesses dez anos que separam as duas montagens muitas coisas mudaram no comportamento dos jovens e na própria sociedade.

Em 10 anos tudo mudou. Um jovem de 17 anos era completamente dos de 17 de agora. E os temas abordados no Despertar nunca foram tão atuais, tão necessários, não só para a juventude, como para todos. É incrível como aconteceu um retrocesso e o quão necessário é combater o retrocesso com arte, e com o Despertar“.

A sorte está lançada! Aguardem os próximos capítulos!

Charles Möeller, Claudio Botelho e Marcela Altberg na audição de O Despertar da Primavera em 2009. Foto: Leo Ladeira.

Há 10 anos…

“Fico muito feliz porque nós estamos nos profissionalizando muito nessa área de audição (…) “

“A audição é importante para tudo dentro do teatro musical. É para descobrir pessoas novas, para direcionar pessoas, para apontar caminhos. Você pode falar para um candidato se concentrar mais em uma parte, pode aconselhar que ele procure um professor de voz, que dê mais ênfase à interpretação, entre outros toques”.

“(…) Quem fica com o papel é quem fez a melhor audição. Não é só talento. É o talento, o tipo físico, a voz, a interpretação e se tem química com o resto do elenco, porque assim como “A Noviça Rebelde”, “7” e todas as peças que eu fiz, você precisa ver as pessoas juntas. Você precisa acreditar que essas pessoas são amigas, estão na mesma classe, moram nesse mesmo lugar. Essa é a minha função aqui, separar o joio do trigo.”

“(…) Em uma audição, o “não” não significa um fracasso. O “não” faz parte dessa profissão e ensina muita coisa. Não é que você tenha perdido. É que para naquele dia, naquela audição, naquela peça talvez você não estivesse totalmente preparado. Essa é a cultura da audição”.

“(…) Eu gosto muito de audição. É onde o sonho começa. E é fundamental ter um elenco que parta de mim. Se eu olhar a pessoa e ver “essa é o meu Melchior”, “essa é a minha Wendla”, “esse é o meu Moritz”, eu sei que vou poder mexer com eles”.

Charles Möeller em 2009 em entrevista ao Site Möeller & Botelho.