O Globo: Claudio Botelho volta aos palcos como cantor

Produtor teatral canta clássicos como Cole Porter nos 90 anos do Copacabana Palace

Produtor teatral canta clássicos como Cole Porter nos 90 anos do Copacabana Palace

Leia abaixo a matéria sobre o show “COLE PORTER & MEUS MUSICAIS DE ESTIMAÇÃO“, de CLAUDIO BOTELHO, publicada pelo jornal O Globo na edição do último domingo, 14:

A relação afetiva entre Claudio Botelho e o hotel Copacabana Palace é antiga. Ao lado de Claudia Netto, em “De rosto colado”, espetáculo dirigido por Marco Nanini e calcado em músicas de Irving Berlin, ele fez uma temporada no Golden Room, em 1993. Agora, o relacionamento de duas décadas se estreita mais. A partir do dia 19, Botelho vai embalar as noites do Bar do Copa com “Cole Porter & meus musicais de estimação”, show que marca o início das comemorações pelos 90 anos do mais famoso hotel do país. O título do espetáculo é quase um resumo do que ele pretende, com sua voz de barítono, apresentar na companhia dos músicos Marcio Castro (piano), Thiago Trajano (violão, guitarra e banjo) e Edgar Duvivier (saxofone).

Cantar Cole Porter no Bar do Copa é uma ideia que ganhou solidez depois da passagem de Steve Ross pela casa, em 2011. Amigo do cantor, Botelho acabou por dar uma canja e, em dueto com o americano, arriscou em “Let’s do it”, hit da imensa lista de sucessos do compositor de “Night and day”.

— Achei que as canções do Porter combinavam demais com o ambiente do bar, que tem uma decoração anos 1920.

O compositor também é figura emblemática em sua carreira. Foi com um musical inspirado em sua vida (“Cole Porter — Ele nunca disse que me amava”), em 2000, que Botelho e o parceiro artístico Charles Möeller conquistaram reconhecimento e fama. Além de canções como “I am loved” e “So in love”, de Porter, ele completa a seleção do programa com títulos pinçados de muitos dos 40 espetáculos de que participou, e outros retirados de trilhas do cinema.

Botelho vai soltar a voz — que ele jura estar cada dia mais grave: “é a idade”, exagera — em ícones dos musicais como “If I were a rich man”, de “Um violinista no telhado”; “Let the sunshine in”, de “Hair”; “The sound of music”, de “A noviça rebelde”, entre outras que receberam versões em português assinadas por ele. Mas também faz o caminho inverso e canta, em inglês, letras escritas originalmente em português, como “Se todos fossem iguais a você”, de Vinicius de Moraes e Tom Jobim. — Não fiz a versão. Ela já existia, chama-se “Someone to light up my life”, e foi inclusive gravada pelo Sinatra — diz Botelho, que, junto com Möeller, foi convidado pelo produtor Stephen Byrd para montar na Broadway, em 2014, “Orfeu da Conceição”, também de Tom e Vinicius.

Sondheim e Chaplin

No show, de atmosfera intimista, ele não deixou de fora compositores que lhe são caros, como Stephen Sondheim (“Send in the clowns”) ou canções como “Smile”, de Charles Chaplin, para “Tempos modernos”. Ainda na categoria “música de filmes”, ele selecionou “I will wait for you”, pequena joia do arejado musical “Os guarda-chuvas do amor”, estrelado por Catherine Deneuve. A entremear o repertório, histórias curiosas ou nascidas nos bastidores dos espetáculos.

— Falo da lenda que se criou em tono da vinda de Cole Porter ao Rio. Dizem que ele desceu de um navio, veio passear na cidade e esteve no Copacabana Palace. É uma lenda tão bem fundamentada que até Caetano a canta em “Estrangeiro”. Mas não aconteceu — diz Botelho. — Saber desta história também reforçou a vontade de fazer o show no Copa.

Botelho quer também privilegiar um gênero de show que, acha, perdeu espaço por aqui.

— O Rio não tem mais bar. Só restaurante ou boteco. Piano- bar para beber uísque e ouvir música, quase não tem. Pena.

O show fica em cartaz por um mês. Já Cole Porter tem data marcada para regressar à vida de Botelho. Ele vai estrear em março “Kiss me Kate”, musical com trilha assinada por Porter, para variar. Aliás, foi depois de assistir a uma montagem na Broadway que a dupla Botelho-Möeller voltou ao Brasil disposta a montar “Cole Porter — Ele nunca disse que me amava”. Aos curiosos, ele adianta: o papel principal será de José Mayer.

Fonte: O Globo – 14/07/13.