Em 21 de agosto de 2009, estreou, no Teatro Villa-Lobos (RJ), o musical ‘O Despertar da Primavera’, baseado na obra de 1891 do ator, dramaturgo e romancista alemão Frank Wedekind (1864 – 1918), um dos precursores do movimento expressionista, e que veio a influenciar nomes como Bertolt Brecht.
O espetáculo dirigido por Charles Möeller e Claudio Botelho, e produzido pela Aventura Entretenimento em parceria com a Divina Comédia, foi baseado na versão da Broadway de 2006, um eletrizante musical vencedor de oito prêmios Tony, o mais importante do teatro americano.
O espetáculo fala do universo de um grupo de adolescentes que vivenciam situações de descoberta pessoal, despertar sexual e opressão; e inclui temas fortes como masturbação, incesto, homossexualismo, aborto e suicídio.
O Musical
Com música de Duncan Sheik, e letras de Steven Sater, ‘Spring Awakening‘ estreou no circuito Off-Broadway, no Atlantic Theatre Company, em 19 de maio de 2006. A peça em seguida rumou para a Broadway, onde estreou no Teatro Eugene O’Neill, em 10 de dezembro de 2006, e recebeu várias críticas favoráveis. Segundo o New York Times, “A Broadway nunca mais pôde ser a mesma após Spring Awakening”. Já o crítico do The New Yorker afirmou que “Com uma poderosa e poética inteligência, o despertar aqui não é apenas o da sexualidade, mas o da narrativa musical“.
“A união do rock com um texto de 1891 foi um escândalo. É diferente de tudo o que vinha rolando na Broadway nos últimos anos, absolutamente vanguardista”, declarou Claudio Botelho.
“A grande sacada é colocar a música de hoje relacionada aos jovens daquela época. Seus gritos e buscas permanecem os mesmos. Em 2009, podíamos usufruir da liberdade total, mas continuávamos sofrendo das mesmas doenças e inseguranças. O tempo passou, mas a essência do homem se mantém oprimida muitas vezes, especialmente diante da família, da Igreja e do Estado”, afirmou Charles Möeller.
“A peça discorre sobre vários temas, mas é fundamentalmente sobre o sexo. O adolescente é um mundo secreto e esse espetáculo oferece uma possibilidade de espiarmos este mundo pelo buraco da fechadura”, complementou o diretor.
Primeira montagem non-replica
A montagem brasileira de ‘O Despertar da Primavera’ conseguiu autorização para ser a primeira non-replica no mundo desde a estreia na Broadway. Isto significa que, usando o mesmo texto e canções do musical, Charles Möeller e Claudio Botelho realizaram a primeira direção e concepção diferentes em tudo das originais. Consultados, os autores foram seduzidos pela possibilidade de verem sua obra encenada com outra visão pelos artistas brasileiros.
“Foi um fato inédito montarmos uma produção tão recente da Broadway com a autorização para uma direção autoral. Geralmente, os espetáculos de grande sucesso levam muitos anos para que comecem a ser ‘licenciados’ pelos autores sem a obrigatoriedade da cópia”, revelou Claudio. “Tive total liberdade para a tradução dos textos e as versões das canções, e só me interessa trabalhar assim. Só não mexi nas partituras e nos arranjos, que considero perfeitos e que são, como sempre, a alma e o sentido principal de um musical”, complementou.
“Eu já era muito apaixonado pela peça, antes mesmo de virar um musical. Várias vezes, em adaptações para musicais, perde-se a força do texto, mas o caso do ‘Despertar da Primavera’ é uma coisa raríssima, pois o musical consegue ser ainda mais contundente do que o original”, afirmou Charles.
Audições e Elenco
Das centenas de candidatos inscritos para a montagem de Möeller & Botelho, cerca de 500 passaram na primeira seleção. Após as audições saíram os dezenove aprovados, entre atores do Rio, São Paulo, Campinas, Brasília e Porto Alegre.
“Foi um teste muito difícil, talvez um dos mais difíceis que eu já participei porque é um musical atípico. É um musical muito dramático, que precisa de atores muito jovens, capazes de cantar bem e representar papéis complicados. São papéis de um viés psicológico que não têm em quase nenhum musical. É uma peça clássica. Os personagens estão inteiros. Não é uma adaptação superficial“, afirmou Claudio Botelho à época das audições.
Após a longa bateria de testes foram escolhidos Malu Rodrigues (Wendla), Pierre Baitelli (Melchior), Rodrigo Pandolfo (Moritz), Letícia Colin (Ilse), Thiago Amaral (Hanschen) e Felipe de Carolis (Ernst) para os principais papéis. Também foram selecionados Alice Motta, André Loddi, Bruno Sigrist, Danilo Timm, Davi Guilherme, Eline Porto, Estrela Blanco, Julia Bernat, Laura Lobo, Lua Blanco, Mariah Viamonte, Pedro Sol Blanco e Thiago Marinho. Os atores Débora Olivieri e Carlos Gregório foram convidados para interpretar todos os personagens adultos do musical.
Workshop
Durante o workshop com o elenco, antes do início dos ensaios, Charles abordou a história da peça e do musical. O diretor ressaltou o momento que a Europa vivia no final do Século XIX e de fatos importantes daquela época, como a Guerra Franco-Prussiana (1870 a 1871), a edição do Código Civil Alemão, o surgimento de autores como Ibsen, Dostoievski, Robert Louis Stevenson (Dr. Jekyll and Mr. Hyde), Émile Zola, Gustave Flaubert; e, principalmente, a importância de Charles Darwin e sua teoria de seleção natural e sexual (“A origem das espécies”), Nietzsche e Freud e seus conceitos do Complexo de Édipo e de Electra. Todo esse caldeirão de informações foi fundamental para o surgimento de ‘O Despertar da Primavera’, de Frank Wedekind.
Os rapazes do elenco tiveram até aula de latim com a professora Arlete José Mota, doutora em Letras Clássicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para acertar detalhes da pronúncia de “All That´s Known”, uma das mais famosas músicas do espetáculo. A professora não só corrigiu a pronúncia de algumas palavras, como explicou para os atores o contexto do que é falado na canção, como a fundação de Roma, a Guerra de Tróia, o trajeto de Enéas etc.
Sucesso de público entre os jovens
Cultuado por um público em sua predominância formado por adolescentes e jovens, ‘O Despertar da Primavera’ atraiu, desde a estreia, um grande número de jovens ao teatro, que, não contentes em assistir uma única vez, voltavam para ver a peça, duas, três, 10 e até 20 vezes.
Depois do sucesso no Rio, ‘O Despertar’ estreou temporada em São Paulo, em 2010, no Teatro Sérgio Cardoso, com alguns nomes novos no elenco (Eduardo Semerjian, Clara Verdier e Felipe Tavolaro). Ao final, atendendo a inúmeros pedidos do público jovem, que chegou a fazer campanhas na Internet, o espetáculo reestreou em São Paulo, desta vez no Teatro do Shopping Frei Caneca. Nesta temporada Bruno Sigrist assumiu o papel de Moritz, no lugar de Rodrigo Pandolfo, e Felipe Tavolaro fez sua estreia como Melchior em algumas sessões.
Ficha Técnica
Música
Ducan Sheik
Texto e Letras
Steven Sater
Baseado na obra de
Frank Wedekind
Direção
Charles Möeller
Versão Brasileira / Supervisão Musical
Claudio Botelho
Direção Musical
Marcelo Castro
Coreografia
Alonso Barros
Cenário
Rogério Falcão
Figurino
Marcelo Pies
Design de Som
Marcelo Claret
Design de Luz
Paulo César Medeiros
Visagismo
Beto Carramanhos
Coordenação Artística
Tina Salles
Produção Executiva
Luiz Calainho
Direção de Produção
Aniela Jordan
Beatriz Secchin Braga
Monica Athayde Lopes
Elenco original (Temporada RJ)
Melchior – Pierre Baitelli
Wendla – Malu Rodrigues
Moritz – Rodrigo Pandolfo
Ilse – Letícia Colin
Hanschen – Thiago Amaral
Martha – Laura Lobo
Ernst – Felipe de Carolis
Thea – Julia Bernat
Georg – Andre Loddi
Anna – Estrela Blanco
Otto – Bruno Sigrist
Dieter – Danilo Timm
Rupert – Pedro Sol Blanco
Reinhold – Davi Guilherme / Gabriel Falcão
Ulbrecht – Thiago Marinho
Elise – Eline Porto
Mariana – Lua Blanco
Ina – Mariah Viamonte
Frida – Alice Motta
Papeis adultos femininos – Debora Olivieri
Papeis adultos masculinos – Carlos Gregório
Elenco Temporada São Paulo – Teatro Sérgio Cardoso
Melchior – Pierre Baitelli
Wendla – Malu Rodrigues
Moritz – Rodrigo Pandolfo
Ilse – Letícia Colin
Hanschen – Thiago Amaral
Martha – Laura Lobo
Ernst – Felipe de Carolis
Thea – Mariah Viamonte
Georg – Andre Loddi
Anna – Estrela Blanco
Otto – Bruno Sigrist
Dieter – Danilo Timm
Rupert – Felipe Tavolaro
Reinhold – Gabriel Falcão
Ulbrecht – Thiago Marinho
Elise – Eline Porto
Mariana – Lua Blanco
Ina – Clara Verdier
Frida – Alice Motta
Papeis adultos femininos – Debora Olivieri
Papeis adultos masculinos – Eduardo Semerjian
Elenco Temporada São Paulo – Teatro Frei Caneca
Melchior – Pierre Baitelli / Felipe Tavolaro
Wendla – Malu Rodrigues
Moritz – Bruno Sigrist
Ilse – Letícia Colin
Hanschen – Thiago Amaral
Martha – Laura Lobo
Ernst – Felipe de Carolis
Thea – Mariah Viamonte
Georg –Andre Loddi
Anna – Estrela Blanco
Otto – Bruno Sigrist
Dieter – Danilo Timm
Rupert – Felipe Tavolaro
Reinhold – Gabriel Falcão
Ulbrecht – Thiago Marinho
Elise – Eline Porto
Mariana – Lua Blanco
Ina – Clara Verdier
Frida – Alice Motta
Papeis adultos femininos – Debora Olivieri
Papeis adultos masculinos – Eduardo Semerjian
Prêmios
• Prêmio Qualidade Brasil de melhor Espetáculo Teatral Musical para “O Despertar da Primavera”
• Prêmio Qualidade Brasil de melhor Direção Teatral Musical (Charles Möeller & Claudio Botelho), por “O Despertar da Primavera”
• Prêmio Shell de Melhor Iluminação (Paulo César Medeiros), por “O Despertar da Primavera”
• Prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) de melhor Iluminação (Paulo César Medeiros), por “O Despertar da Primavera”
• Prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) de melhor cenário (Rogério Falcão), por “O Despertar da Primavera”
• Prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) de melhor Ator Coadjuvante para Rodrigo Pandolfo, por “O Despertar da Primavera”
• Prêmio Contigo! de Teatro de melhor Cenário (Rogério Falcão), por “O Despertar da Primavera”
Estreia: 21 de agosto de 2009 – Teatro Villa-Lobos (RJ)
1ª temporada SP: Teatro Sérgio Cardoso – 12/03 a 02/05/2010.
2ª temporada SP: Teatro do Shopping Frei Caneca – 10/07 a 15/08/2010.
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