Kiss me, Kate – O Beijo da Megera (2015)

Em 2015, Charles Möeller & Claudio Botelho estrearam o espetáculo ‘Kiss, me Kate – O Beijo da Megera‘, o primeiro musical do compositor Cole Porter a ser encenado na íntegra no Brasil. Com José Mayer à frente de um elenco de 30 atores/cantores, o espetáculo trouxe para os palcos brasileiros clássicos de Porter, verdadeiras obras-primas, […]

Em 2015, Charles Möeller & Claudio Botelho estrearam o espetáculo ‘Kiss, me Kate – O Beijo da Megera‘, o primeiro musical do compositor Cole Porter a ser encenado na íntegra no Brasil.

Com José Mayer à frente de um elenco de 30 atores/cantores, o espetáculo trouxe para os palcos brasileiros clássicos de Porter, verdadeiras obras-primas, tais como ‘So In Love’, ‘From This Moment On’ e ‘Another Op’nin’, Another Show’, executadas ao vivo por orquestra formada por 13 músicos.

A estreia de ‘Kiss me, Kate – O Beijo da Megera’ é um marco na trajetória da dupla Möeller & Botelho. Em 2000, os diretores despontaram para o sucesso com o espetáculo ‘Cole Porter – Ele Nunca Disse que me Amava’ e abriram caminho para todo o renascimento que o teatro musical teve no Brasil desde então. Na época, a montagem de ‘Kiss me, Kate’ – o mais celebrado musical de Porter, vencedor do Prêmio Tony, em 1949 – era um sonho distante, devido a todas as exigências técnicas e artísticas do espetáculo.

Depois de 35 espetáculos e toda uma nova geração de profissionais formada neste intervalo, a dupla finalmente pôde mostrar a sua versão para o musical, com José Mayer interpretando Fred Graham/Petruchio e Alessandra Verney como Lilli Vanessi/Catarina.

Não poderíamos fazer sem o Zé. Este é um projeto muito antigo e só retomamos porque encontramos um ator com todas as características que este complexo protagonista pede. O Zé é um profissional completo’, avaliou Charles Möeller, cujo primeiro trabalho com o ator foi no sucesso ‘Um Violinista no Telhado’ (2011), musical que teve todas as sessões com lotação esgotada e deu a Mayer indicações aos principais prêmios do país.

Desta vez, ele retornou em um tipo bem diferente do judeu que enfrentava dramas em sua aldeia natal. Fred Graham é o vaidoso e galanteador dono de uma companhia de teatro que segue em turnê com uma montagem de ‘A Megera Domada’, de William Shakespeare.

Metateatro

A trama da ficção reflete também a personalidade do quarteto formado por Fred (José Mayer), sua ex-esposa, a diva Lilli Vanessi (Alessandra Verney), a novata Louis Lane (Fabi Bang) e Bill (Guilherme Logullo), que contrai uma dívida de jogo em nome do patrão. No palco da ficção, Mayer e Verney vivem um dos mais celebrados casais do teatro shakespeareano, Petruchio e Catarina.

Ao usar o teatro como pano de fundo para a história, Cole Porter inovou. O espetáculo começa com a preparação da sala, antes da chegada do público. Foi a primeira vez que o bastidor da cena era mostrado no palco. Um dos grandes achados da peça diz respeito à ideia de se criar uma trama em que realidade e ficção se encontram. Misturando ‘A Megera Domada’, de Shakespeare, com o vaudeville e os musicais americanos, ‘Kiss me, Kate’ faz um divertido passeio pelos bastidores de uma companhia teatral em tom de comédia de erros.

Temos uma peça dentro da peça e ainda os diálogos de Shakespeare. É uma adaptação muito inteligente“, ressalta o diretor Charles Möeller. “É um musical sofisticado, pois revela um sério mergulho na obra do bardo. Porter usou frases inteiras de Shakespeare nas canções e a Megera é um ponto de partida para ele tratar de relacionamentos”, complementa Claudio Botelho.

Cole Porter, o Anjo Seguidor de Möeller & Botelho

O sonho de trazer ‘Kiss me, Kate’ para o Brasil começou em 1999, quando Charles e Claudio assistiram à remontagem americana do clássico na Broadway. Na época, a dupla se dedicou a uma criteriosa pesquisa sobre a vida e a obra de Cole Porter e Claudio começou a escrever algumas versões de suas letras. O trabalho resultou em ‘Cole Porter – Ele Nunca Disse que me Amava’, musical que contava a vida do compositor sob o ponto de vista das mulheres importantes em sua trajetória. Tudo feito com pouquíssimos recursos financeiros e a previsão de uma curta temporada.

A montagem foi um êxito instantâneo, ficou quatro anos em cartaz – incluindo uma temporada de três meses em Lisboa – sempre com sessões extras e matinês. Depois dela, a dupla nunca mais parou de produzir, em um histórico que se confunde com o renascimento do Teatro Musical no Brasil.

Cole Porter é nosso anjo seguidor. Brinco que ele é o princípio, o meio e o fim da dupla’, comentou Botelho, que finalmente conseguiu adquirir os direitos de ‘Kiss me, Kate’ para o Brasil em 2010. Empenhados em levar o sonho adiante, os diretores renovavam a licença anualmente.

Elenco

Além de José Mayer, destaca-se no elenco a presença de uma das atrizes lançadas em ‘Cole Porter – Ele Nunca Disse que me Amava’, Alessandra Verney, que retornou ao repertório do compositor e também à parceria com o próprio Mayer, com quem dividiu o palco em ‘Um Violinista no Telhado’.

A grande surpresa foi a presença do cartunista Chico Caruso, que interpretou um dos gângsteres, fazendo sua estreia em musicais.

Completam o elenco Fabi Bang (depois substituída por Jana Amorim), Guilherme Logullo, Will Anderson, Ivanna Domenyco, Ruben Gabira, Jitman Vibranovski, Léo Wainer, Marcel Octavio, Beto Vandesteen, Igor Pontes, Leonardo Wagner, Augusto Arcanjo, Giselle Prattes, Mariana Gallindo, Lana Rhodes, Patrícia Athayde, Thiago Garça, Tomas Quaresma e Alan Rezende.

Um Clássico Sessentão em Ótima Forma

De autoria de Cole Porter (música e letras) e Sam e Bella Spewack (texto), ‘Kiss, me Kate’ é uma das mais celebradas obras do teatro musical americano. A primeira montagem estreou em dezembro de 1948 e alcançou a marca de inacreditáveis 1077 apresentações, além de receber cinco prêmios Tony nas categorias Musical, Compositor, Autor, Figurino e Produção. A versão inglesa estreou em 1951 e chegou a mais de 400 sessões. Em 1953, o musical deu origem a um filme homônimo, com Howard Keel (Fred Graham / Petruchio) e Kathryn Grayson (Lilli Vanessi / Catarina) e direção de George Sidney. O cinquentenário da obra (1999) foi comemorado em grande estilo, com um aclamado revival na Broadway, indicado a 12 prêmios Tony e premiado, assim como o original, com cinco troféus: Melhor Revival, Ator, Direção, Orquestração e Figurino. A montagem recebeu ainda 10 indicações e seis prêmios Drama Desk.

Críticas

‘Kiss, me Kate – O Beijo da Megera’ recebeu várias críticas favoráveis:

(…) Como de hábito, a direção de Möeller é impecável, precisa no tocante aos tempos rítmicos, plena de marcações diversificadas, imprevistas e criativas, e de intensa e permanente comunicação com o público. Quanto a Botelho, não há ninguém neste país com sua capacidade de traduzir versos e, mais do que isso, encaixá-los no universo de nossa língua de forma a sugerir que não poderiam ser traduzidos de outra forma“.

Lionel Fischer (Crítico e Professor de Teatro)

(…) José Mayer exibe sua melhor performance em musicais. Ator completo, Mayer canta maravilhosamente e consegue materializar todos os conteúdos propostos pelos autores, afora evidenciar, como sempre, seu imenso carisma. Alessandra Verney também está estupenda, tanto nas passagens cantadas como naqueles em que o texto predomina. Chico Caruso e Will Anderson compõem uma dupla de gangsteres irresistível“.

Lionel Fischer (Crítico e Professor de Teatro)

“A tradução de Claudio Botelho, tanto das canções quanto do texto, alcança alto padrão, aclimatando-se ao nosso idioma com sonoridade fluente sem trair a musicalidade original (…) José Mayer interpreta Fred/Petruchio com os recursos maduros de ator e solta a vigorosa voz de barítono com a autoridade de ótimo cantor”.

Macksen Luiz (O Globo)

(…) Entre os muitos acertos na carreira da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, este é um daqueles que justificam o epíteto de reis dos musicais que lhes foi pespegado. A direção cênica de Möeller impõe excelente ritmo, evitando a armadilha de transformar o vaudeville em chanchada. Botelho assina as fluidas e impagáveis versões das canções, conduzidas com talento pelo diretor musical Marcelo Castro”.

Rafael Teixeira (Veja Rio)

“Os méritos de “Kiss me, Kate – O Beijo da Megera” começam na qualidade das versões para português assinadas por Claudio Botelho e na direção musical de Marcelo Castro. As letras e as melodias fluem com naturalidade, graça e elegância, A direção de Charles Möeller tem excelente ritmo, envolvendo ótimo diálogo com o público e entrosamento do elenco. Nos melhores momentos de suas carreiras no teatro musical brasileiro, José Mayer e Alessandra Verney tem também excelentes trabalhos de interpretação…”

Rodrigo Monteiro (Crítica Teatral)

 

Ficha Técnica

Texto
Sam e Bella Spewack

Música e Letras
Cole Porter

Orquestração Original
Robert Russell Bennett

Direção
Charles Möeller

Versão Brasileira / Supervisão Musical
Claudio Botelho

Direção Musical / Regência
Marcelo Castro

Coreografia
Alonso Barros

Cenário
Rogério Falcão

Figurino
Carol Lobato

Design de Luz
Paulo Cesar Medeiros

Design de Som
Marcelo Claret

Visagismo
Beto Carramanhos

Coordenação Artística
Tina Salles

Tradução dos Diálogos
Claudia Costa
Claudio Botelho

Produção de Elenco
Marcela Altberg

Diretora Residente
Cris Fraga

Direção de Produção
Beatriz Braga

Gerência de Produção
Carla Reis

Produção Executiva
Edson Lopes

Realização
Möeller & Botelho

Elenco

Orquestra

Marcelo Castro – Regência

Kelly Davis – violino 1
Luiz Henrique Lima – violino 2
Saulo Vignoli – cello
Zaida Valentim – teclado 1
Gustavo Salgado – teclado 2
Nocchi – piccolo, clarineta, flauta e sax alto
Gilson Balbino – clarineta e sax alto
Whatson Cardozo – clarone, clarineta e sax barítono
Matheus Moraes – trompete e flügel
Vitor Tosta – trombone
Omar Cavalheiro – Contrabaixo
Marcio Romano – bateria e percussão

Prêmios
• Prêmio Cesgranrio de Teatro de Melhor Ator em Musical para José Mayer, por “Kiss, me Kate – O Beijo da Megera”
• Prêmio Cesgranrio de Teatro de Melhor Atriz em Musical para Alessandra Verney, por “Kiss, me Kate – O Beijo da Megera”
• Prêmio Cesgranrio de melhor Figurino (Carol Lobato), por “Kiss, me – Kate – O Beijo da Megera”
• Prêmio APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro) de Melhor Ator para José Mayer, por “Kiss me, Kate – O Beijo da Megera”
• Prêmio Reverência para Claudio Botelho, na Categoria Especial, pelas versões de “Kiss me, Kate – O Beijo da Megera”
• Prêmio Reverência de Melhor Ator para José Mayer, por “Kiss me, Kate – O Beijo da Megera”
• Prêmio Reverência de Melhor Atriz Coadjuvante para Fabi Bang, por “Kiss, me – Kate – O Beijo da Megera”
• Prêmio Reverência de Melhor Coreografia (Alonso Barros), por “Kiss me, Kate – O Beijo da Megera”
• Prêmio Reverência de Melhor Figurino (Carol Lobato), por “Kiss, me Kate – O Beijo da Megera”
• Prêmio Reverência de Melhor Design de Som (Marcelo Claret), por “Kiss, me Kate – O Beijo da Megera”

Estreia: 30-10-15 – Teatro Bradesco Rio (RJ)

Temporadas
• 1ª Temporada RJ: 30 de outubro a 13 de dezembro de 2015 – Teatro Bradesco Rio (RJ)
• 2ª Temporada RJ: 09 a 24 de janeiro de 2016 – Teatro Bradesco Rio (RJ)

Galeria

Fotos: Leo Aversa e Leo Ladeira (Jana Amorim)
 
 
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