Se passar uma mulher para trás já é tarefa perigosa, imagine ludibriar e abandonar cinco?
Primeiro musical da efetivada dupla Charles Möeller & Claudio Botelho, “As Malvadas” estreou em 21 de novembro de 1997, no Teatro Delfin, e era um tributo ao repertório das comédias musicais com espírito de filmes B.
Com texto de Charles, e tradução, seleção e roteiro musical de Claudio, o repertório da comédia musical ia de George Gershwin a Roberto Carlos, passando por Sondheim, Kurt Weill e Rodgers & Hammerstein e As Frenéticas!
“As Malvadas foi mais um momento de petulância. Charles nunca havia escrito uma página na vida e escreveu uma peça porque não tínhamos peça; eu coloquei as músicas de qualquer peça porque não tínhamos música. Um tiro no escuro: a gente inventou que podia fazer uma peça, ele escreveu, eu fiz as letras, aquilo entrou em cartaz e assim nasceu uma dupla, de maneira quase irresponsável. O que levou a isso, foi apenas a vontade de fazer teatro e fazer musical, nada além disso. E deu certo“, disse Claudio Botelho no livro “Os Reis dos Musicais”, da Coleção Aplauso.
“Escrevi As Malvadas em quatro dias. Li pro Claudio e ele me disse: ‘vou te internar! você é doente! mas vamos nessa!’. Tinha cinco amigas loucas literalmente que toparam trabalhar de graça na sala lá de casa, com um piano cheio de cupim. Tenho o maior amor por essa peça. Acho que eu nunca fui tão B, tão trash e tão jovem… E nunca mais serei! Foi o primeiro ano do resto das nossas vidas!“, afirmou o diretor Charles Möeller.
No elenco, cinco atrizes-cantoras que depois trabalhariam em diversos espetáculos da dupla e se consagrariam: Ada Chaseliov, Alessandra Maestrini, Gottsha, Ivana Domenico e Kiara Sasso. Beto Bellini vivia o trambiqueiro Johnny.
Entre as músicas do espetáculo, hits como “I Love The Night Life”, “You’ll Never Walk Alone”, “I’m Unlucky at Gambling”, “Quizás, Quizás, Quizás” e “Vingativa”.
A estética quase trash e o estilo camp do texto de “As Malvadas” conquistaram a crítica e o espetáculo ganhou o Prêmio Sharp de melhor Musical, em 1997.
O crítico Macksen Luiz escreveu na época: “O diretor Charles Möeller fez desse roteiro musical levemente dramatizado uma demonstração de eficiência musical. A concepção cenográfica e os figurinos, em tonalidade preta, imprimem um ar de cabaré que serve a esse musical de câmera como ambientação de neutralidade sombria. O elenco mostra ênfase interpretativa“.
Já a crítica Barbara Heliodora, do jornal O Globo, escreveu em crítica publicada em 06/12/97: “A contribuição de Claudio Botelho é notável, principalmente porque faz versões das letras preservando seu conteúdo e, acreditem, até mesmo o humor de coisas como I Can´t say no, do famosíssimo Oklahoma“.
Ficha Técnica
Autor
Charles Möeller
Direção
Charles Möeller
Direção Musical / Roteiro Musical
Claudio Botelho
Iluminação
Rogério Wiltgen
Cenário
Charles Möeller
Figurino
Charles Möeller
Coreografia
Renato Vieira
Elenco
Ada Chaseliov (Amanda Plummer, a garota do partido)
Alessandra Maestrini (Laura, a pistoleira)
Gottsha (Blanche, a voz)
Ivana Domenico (Estela, a boneca)
Kiara Sasso (Maguie, a stripper)
Beto Bellini (Johnny, o trambiqueiro)
Músicos
Breno Luceno (piano)
Márcio Romano (bateria)
Prêmios
• Prêmio Sharp de melhor Musical (1997)
Estreia: 21 de novembro de 1997 – Teatro Delfin (RJ)
Galeria
Fotos de divulgação: Guga Melgar
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